Ana Paula de Jesus Faria Santana nasceu a 20 de Setembro de 1960, em Luanda.
Completou o curso
de Ciências Económicas na Universidade de Lisboa.
A poetisa
publicou, em 1986, “Sabores, Odores e Sonho” .
Música Sanguínea
No cimo do tambor
continuar
brincando, queria,
mas não,
Cantar o belo,
mas as mãos, os
olhos, a carne?
(quanto sofre a
carne inconformada)
ter olhos passando
tempo
pelo imediato,
eu passo
por aqui, sempre
(como não
encontro o infinito)
a angústia no
caso
que não há.
Como romper,
rasgar
para essa lua
entrar,
que luz?
Aonde o sol
e o tempo para
soltar a voz,
a fórmula do amar
à força de estar,
quem entende?
Oh, discreto
riso,
suave tristeza,
olho molhado,
olhando-se,
amor fardado
(falhado?)
o que será dessa
música sanguínea?
Ana de Santana
**
Ana Maria José
Dias Branco, nasceu a 24 de Maio de 1967, no município de Lucapa, província da
Luanda Norte. Obras Publicadas: «Meu Rosto e Minhas Magoas» (1997) e «A
Despedida de
Mim»
Sétimo Poema
Dormitei na noite
coberta de frio
Enquanto sonhava
Com a tempestade
que me cobria
Quando
subtilmente
Entreabri os
olhos
E despertei
sobressaltada
Ouvindo uivos e
ganidos do vento furioso a lamentar-se.
Subi os degraus
da solidão
E ouvi
O vento chamar
por mim,
Como quem diz:
— "Sai, Sai,
procura os filhos que pariste perdidos algures pelas savanas distantes das
praias ensolaradas africanas".
O medo
entranhou-se-me
Nas veias
ensanguentas da carne
Estremecendo a medula dos cérebros
Que tão
dificilmente carrego.
O vento estava
furioso comigo
E a chuva
castigava-me inocente.
Estava tudo
coberto e enevoado,
A água escorria e
encobria
Todas as portas
dos vizinhos desconhecidos,
Nenhum som era
desenhado na terra figura da chuva forte.
Ana Maria Branco
**
Nasceu em
Kwanza-Sul em 1968.
Obra publicada:
"Os botões pequenos sonham com o mel" (2001).
Declaração
Nasci
No ventre
desencantado da serpente
No leito
guarnecido das sementes
Cresci
Nos trapos sujos
do desespero da rocha
Encaracolado e
desfeita pelo projecto do cão
Multipliquei-me
Na corrente do
desequilíbrio cívico dos sinistrados
Como uma espécie
de insecto que pernoita no zumbido
da argola
e do conto
Morri
Sem uma bela
insígnia distinguindo minhas intimidades
Sem uma coroa
bonita ao redor do meu sonho
Carla Queiroz
1 comentário:
Belos poemas. Obrigado por partilhar.
Abraço.
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