1
Lancei os dados
no pano verde
de uma floresta
de bambus.
Aqui nem a chuva
tamborila
nem a zebra corre
por correr.
Há um rio sem
margens
no caminho
verdejante
onde os elefantes
vão morrer.
2
Metemos o mundo
em trabalhos
só porque
sonhámos
e fomos
insubmissos.
Pusemos à lapela
os brilhos da lua
cheia
nas facas longas
que degolaram a
claridade.
Tenho na garganta
um travo amargo a liberdade.
3
A cabeça virada
à cabeçada
e a voz das
zaragatas.
Um semba vadio
grita gestos
lancinantes
de ciúmes e
facadas.
4
Se te perdi, meu
amor,
encontro-te nos
caminhos
onde me movi
apenas para me
perder.
Quem perde os
seus amores
colhe tempestades
de violinos e
flores.
5
Ainda estou à tua
espera
neste cemitério
de navios,
na colina que o
vento fustiga
às portas da foz
do Bengo.
Espero por ti na
lagoa
onde o sol faz
ninho
e o mar se
derrama em mangonha
no meu copo de
vinho.
Estou à tua
espera meu amor derradeiro…
Sangwangongo Malaquias
Poema retirado de Cultura - Jornal Angolano de Artes e Letras
1 comentário:
Bela poesia. Obrigado por partilhar mais um poeta.
Abraço.
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