Na língua local, a Welwitschia, chama-se Tômbwa e dá nome à cidade onde nasci. Este foi também o nome científico (latinizado) que o naturalista austríaco, Frederich Welwitsch, lhe deu: Tomboa Angolensis. Só mais tarde viria a chamar-se Welwitschia Mirabilis, em sua homenagem.
Que posso vos dizer sobre esta planta que conheço desde que me sei gente? É uma planta que sempre me fascinou e que se reveste de um halo muito especial na minha poesia. Evolta em mistério ela será um eterno símbolo para mim, um coração que resiste ligado-me à terra Namibe e é, também, um símbolo da terra angolense. Deixo-vos um texto da Enciclopédia Livre para que possam apreciar em termos científicos esta raridade fitológica do Namibe e que me recorda uma história que meu avô me contou: quando Frederich Welwitsch viu esta estranha planta, pela primeira vez, ajoelhou-se no chão quente do deserto num misto de espanto e religiosidade, totalmente maravilhado por tão singular planta. Ficam também estes poemas.
WELWITSCHIA
Aridez suprema
e o mistério levanta-se do chão:
tombwelwitschianamibilis!
Braços dispersos
corpo
gretando aridez
alma
gritando vida!
Namibiano Ferreira
Flor feminina
Flor masculina
TENACIDADE
Aberta ao infinito
árido
sem tempo,
a Welwitschia
é um poeta ermo
e solitário
aspirando a Vida
escassa em cada
missanga húmida
pérola minúscula
de cacimbo
luz e cristal.
Namibiano Ferreira
MAIS SOBRE A WELWITSCHIA
(Artigo retirado de wikipedia, ligeiramente adaptado)
É uma planta rasteira, formada por um caule lenhoso que não cresce, uma enorme raiz aprumada e duas folhas apenas, provenientes dos cotilédones da semente; as folhas, em forma de fita larga, continuam a crescer durante toda a vida da planta, uma vez que possuem meristemas basais. Com o tempo, as folhas podem atingir mais de dois metros de comprimento e tornam-se esfarrapadas nas extremidades. É difícil avaliar a idade que estas plantas atingem, mas pensa-se que possam viver mais de 1000 anos.
A Welwitschia Mirabilis é uma planta dióica, ou seja, os cones masculinos e femininos nascem em plantas diferentes.
Apesar do clima em que vive, a Welwitschia consegue absorver a água do orvalho através das folhas (o tal cacimbo de que já vos falei na postagem sobre o Deserto do Namibe). Esta espécie tem ainda uma característica fisiológica em comum com as crassuláceas (as plantas com folhas carnudas ou suculentas, como os cactos): o metabolismo ácido - durante o dia, as folhas mantêm os estomas fechados, para impedir a transpiração, mas à noite eles abrem-se, deixam entrar o dióxido de carbono necessário à fotossíntese e armazenam-no, na forma dos ácidos málico e isocítrico nos vacúolos das suas células; durante o dia, estes ácidos libertam o CO2 e convertem-no em glicose através das reacções conhecidas como ciclo de Calvin.
Esta espécie foi baptizada a partir do nome do Dr. Friedrich Welwitsch, que contribuiu para o conhecimento desta e de muitas outras plantas de Angola.
Devido às suas características únicas, incluindo o seu lento crescimento, a Welwitschia é considerada uma espécie ameaçada. No entanto, pensa-se que as plantas que vivem em Angola estão mais protegidas que as da Namíbia, devido às minas terrestres que protegem o seu habitat.
2 comentários:
Luta pela sobrevivência ou mais um ciclo de vida?
Kandandu
Carmo
Carmo, a Welwitschia é um símbolo de resistencia, tenacidade e sobrevivencia e por isso ela é também vista como um símbolo de Angola.
Kandandu, gosto das suas visitas!!
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