Foto: Jorge Coelho Ferreira

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POEMAS DE NAMIBIANO FERREIRA

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4 de março de 2014

DOIS POEMAS DE COSTA ANDRADE


Francisco Fernando da Costa Andrade ou simplesmente Costa Andrade, também conhecido por Ndunduma wé Lépi, nome de guerra adoptado nos tempos da guerrilha no Leste de Angola, durante os idos anos 60 e 70, é natural do Lépi, localidade situada na actual província Huambo, onde nasceu em 1936. Fez os estudos primários e liceais na cidade do Huambo e Lubango. 

AUTOBIOGRAFIA

Não existe mais
a casa onde nasci
nem meu Pai
nem a mulambeira
da primeira sombra.

Não existe o pátio
o forno a lenha
nem os vasos e a casota do leão.

Nada existe
nem sequer ruínas
entulho de adobes e telhas
calcinadas.

Alguém varreu o fogo
a minha infância
e na fogueira arderam todos os ancestres.


LIMOS DE LUME

conto ainda
e já o conto
ai nos zeros
dos biliões

um milhão trezentos mil
cinco milhões e prossigo
oito milhões
ou dez?
os números também falecem
com o seu tempo a contar
ainda agora há pouco tempo
e tanto tempo passou passa o tempo
passará
passaria doutro modo?

Passe o tempo temporão
somos tantos e tão poucos
vem a paz demora ainda?
Quem espera pela demora?

é tempo de caminha!



Francisco da Costa Andrade 

1 comentário:

Humberto Maranduva disse...

Colaca-se aqui a velha questão Kantiana: quem somos? De onde viemos? Para onde vamos? O presente prepara o futuro ainda e sempre na inevitável inexorabilidade do devir, mas, se não retivermos a memória do passado, não poderemos nunca garantir a nossa própria origem.
E quando a vida, madrasta, tudo varre?!
Mas, o fogo, tem um duplo sentido, isto é, se, por um lado destrói e tudo apaga, por outro lado, também, pode ser purificador...
Até depois!