Francisco
Fernando da Costa Andrade ou simplesmente Costa Andrade, também conhecido por
Ndunduma wé Lépi, nome de guerra adoptado nos tempos da guerrilha no Leste de
Angola, durante os idos anos 60 e 70, é natural do Lépi, localidade situada na
actual província Huambo, onde nasceu em 1936. Fez os
estudos primários e liceais na cidade do Huambo e Lubango.
AUTOBIOGRAFIA
Não existe mais
a casa onde nasci
nem meu Pai
nem a mulambeira
da primeira
sombra.
Não existe o
pátio
o forno a lenha
nem os vasos e a
casota do leão.
Nada existe
nem sequer ruínas
entulho de adobes
e telhas
calcinadas.
Alguém varreu o
fogo
a minha infância
e na fogueira
arderam todos os ancestres.
LIMOS DE LUME
conto ainda
e já o conto
ai nos zeros
dos biliões
um milhão
trezentos mil
cinco milhões e
prossigo
oito milhões
ou dez?
os números também
falecem
com o seu tempo a
contar
ainda agora há
pouco tempo
e tanto tempo
passou passa o tempo
passará
passaria doutro
modo?
Passe o tempo
temporão
somos tantos e
tão poucos
vem a paz demora
ainda?
Quem espera pela
demora?
é tempo de
caminha!
Francisco da Costa Andrade
1 comentário:
Colaca-se aqui a velha questão Kantiana: quem somos? De onde viemos? Para onde vamos? O presente prepara o futuro ainda e sempre na inevitável inexorabilidade do devir, mas, se não retivermos a memória do passado, não poderemos nunca garantir a nossa própria origem.
E quando a vida, madrasta, tudo varre?!
Mas, o fogo, tem um duplo sentido, isto é, se, por um lado destrói e tudo apaga, por outro lado, também, pode ser purificador...
Até depois!
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