Foto: Jorge Coelho Ferreira

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POEMAS DE NAMIBIANO FERREIRA

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18 de junho de 2013

MUXIMA - WALDEMAR BASTOS

Um clássico da música angolana, Muxima, autoria do saudoso e carregado de talento Carlos A. Vieira Dias. A cada nova interpretação fica cada vez melhor. Aqui segue o poema em kimbundu, desculpem se não é a ortografia oficial:


MUXIMA

Muxima ue ue, muxima ue ue, muxima
Muxima ue ue, muxima ue ue, muxima
Se uamgambé uamga uami
Gaungui beke muá Santana
Kuato dilagi mugibê
Kuato dilagi mugibê
Kuato dilagi mugibê
Lagi ni lagi kazókaua
Kuato dilagi mugibê
Kuato dilagi mugibê
Kuato dilagi mugibê
Lagi ni lagi kazókaua

[Carlos Aniceto Vieira Dias - Angola]


A palavra "muxima" quer dizer coração, em Kimbundo. Esta música fala da Nossa Senhora do Coração dos Angolanos, também chamada Mama Muxima; é um verdadeiro hino da alma/mátria/pátria angolana. 




 
Foto 1 - Peregrinação

LOCALIZAÇÃO

Na margem esquerda do rio Kwanza, encontra-se a cidade de Muxima, na província do Bengo, a cerca de 138 Kms a sul de Luanda.


Foto 2 - A capela e o forte - Património UNESCO

A CAPELA DE NOSSA SRA. DA MUXIMA

A capela da Nossa Senhora da Muxima é dos lugares de Angola em que fica bem evidenciado o lado espiritual dos angolanos. Conta a lenda popular que ela surgiu repentinamente, por obra de um milagre da Santa Maria, que terá tido duas aparições no local na primeira metade do século XVII. Desde então o local tem sido um dos pontos preferenciais de muitos crentes, a maioria dos quais católicos, mas não só. Relata o padre local, o mexicano Mário Torrez, que o povo acredita não só no poder contido na capela, mas em toda a área circundante. Muxima (coração em Kimbundu) é uma zona de forte tradição de magia e bruxaria, pelo que, o "surgimento milagroso da capela", terá sido uma demonstração do poder de Maria sobre as outras religiões da área. Pouco claras são igualmente as versões convencionais sobre as autoridades que edificaram a capela e o forte naquela localidade do município da Kissama. Determinados estudiosos atribuem a edificação da capela e do forte aos holandeses - na época em que ocuparam Angola - enquanto a grande maioria destes acredita ter sido obra dos portugueses. A segunda tese é sustentada pelo facto de a Holanda não ter tradição católica, e por os holandeses terem dominado por pouco tempo (cerca de 5 anos) os territórios de Ngola. Acresce-se, ainda, a particularidade de o forte, localizado no morro, situado ao lado da capela, em que se diz ter aparecido Maria, apresentar um estilo tipicamente português. É igualmente curioso o facto de, a potência dominadora (tenha sido Portugal ou a Holanda), ter resolvido edificar um templo num local de tão difícil acesso, e a vários quilómetros da costa, numa altura em que a ocupação da colónia restringia-se à orla marítima. Esse facto alimenta a suspeita de que o local já era considerado sagrado pelos autóctones, antes da edificação do templo. Assim, os colonizadores, terão edificado o templo católico sobre um local sagrado dos povos locais, como forma de mostrar o seu poder e submetê-los psicologicamente. Com efeito, a dominação dos deuses de um povo tem sido uma técnica de submissão  usada por várias potências imperialistas ao longo da história da humanidade. No meio de toda essa amálgama de lendas, milagres, mistérios e contradições, desde 1645 - e quiçá muito antes - que Muxima tem chamado a si corações de milhares de pessoas que junto dela falam das suas preocupações, angústias e desejos. Muita gente vai à "Mamã Muxima" na esperança de que esta resolva os seus problemas de saúde que a ciência não tenha conseguido debelar, outros vão pedir que ela lhes traga dinheiro e os livre da pobreza em que vivem. Não raramente, pessoas há que vão à Muxima para entregar-lhe a vida de alguém. Os casos amorosos são também muito populares.

Foto 3 - Interior da capela

O Forte da Muxima e a capela, estão hoje considerados Património Mundial da UNESCO, a pedido do Governo angolano. No início do mês de Setembro faz-se a peregrinação que actualmente se mantém e que se pode observar na primeira foto. O governo angolano prometeu um novo santuário mas, de momento, não sei como param essas promessas. 

Foto 4 - Projecto do novo santuário



3 comentários:

António Eduardo Lico disse...

Belíssima canção do saudoso e talentoso Liceu Vieira Dias, um verdadeiro clássico da música popular urbana de Angola.
Abraço.

cirandeira disse...

Essa canção é muito bonita, já a conhecia, na interpretação de Luiz N'Gambi, mas essa de Waldemar Bastos também é belíssima! Tenho um disco em vinil, sob a coordenação de N'Gambi, com várias canções tradicionais e do folclore angolano, com a participação especial da Paula Ribas. É uma preciosidade, guardo com muito carinho. Inclusive, tem as versões em português de todas as letras. Consta que "Muxima" faz parte do folclore angolano, e a letra tem uma pequena variação.
Gostei muito de tua postagem com dados históricos sobre Muxima. Obrigada pela partilha!

Kandandu e
beijos

Anónimo disse...

Boa tarde,
Alguem poderia compartilhar a tradução exata em português desta linda musica por favor?