Grupo de marimbeiros. Foto net.
À memória do cego da Baixa
Dedicados a Óscar
Ribas
Marimba tocada
por dedos tão
dextros
marimba que vibra
que chora e não
fala
que lembra o
lamento
da hiena na selva
e o grito
selvagem
do negro no
quimbo.
marimba saudosa
nos dedos do cego
pedindo uma
esmola,
de roupa
estragada
já velho e sem
dentes,
marimba do canto
da paz e da
guerra
que lembra o
passado
dos olhos a
verem,
da mão que não
treme
da fala serena...
marimba que
recorda o passado
e vive o presente
deixa a saudade
no tempo futuro!
e os dedos tão
dextros
tão cheios de
calos
nas mãos que a
correm
marimba não fala
o homem não vê!
mas marimba
recorda
os tempos
passados...
os tempos
passados...
marimba recorda
e o pobre
ceguinho
tocando a marimba
chora com ela
e recorda também
o tempo
passado...
chorando, também
eu tenho saudades
do pobre ceguinho
tocando a marimba
os olhos sem vida
a voz sem
expressão...
recordo...
recordo... e choro com ele
nas horas amargas
marimba não fala
mas faz recordar.
Ruy Burity da Silva
(Poema retirado do blogue: Angola: Os Poetas.)
1 comentário:
Linda ilustração para um poema que fala da dor, da saudade, das lembranças. Tem instrumentos que realmente nao soltam sons, eles vem nos tocar, fustigar emoções.
Beleza de poema.
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