Este chocalhar revolto
em pés
empoeirados
e cacimbados
no quente do
asfalto
vem do longe dos
musseques
e traz o som dos
batuques.
Este chocalhar de
pernas femininas
a lutar bagatelas
e gritarias
em pedaladas
fugidias
vem do longe das
sanzalas
e foge a dança
das minas.
Vêm perdidas das
matas
perdidas das
kubatas
estas chocalhadas
em chão quente
de sol arrogante
vêm corridas das
lavras
e trazem a fome
das terras.
Este arrastar de
pés zungueiras
com falas de
asneiras
em conversa
matumba
vem do longe dos
musseques
e dança a dança
dos batuques
a resmungar o
chão da Mutamba.
Este fedor forte
conhece os grãos
da estrada
os grãos da
caminhada
e vem d’alguma
parte
escapulido das
minas
vêm d’alguma
parte estas chocalhadas femininas.
Esta catinga
fedeu-se distante
fugidia deslocada
do kimbo aos
gritos mãos na cabeça
desesperançada
sem graça
esta catinga
fedeu-se em andanças galopantes.
Este chocalhar em
pés encardidos
e rachados
este chocalhar
revolto
em pés de
zungueira no quente do asfalto
vem do longe dos
musseques
e dança a dança
dos batuques!
Décio Bettencourt
Mateus.
in Gente de
Mulher.
Luanda, 5 de Agosto 2006.
3 comentários:
Belo, sem dúvida. Dá para sentir a vibraçao.
Obrigado pelo comentário e visita.
«Morena de Angola que leva o chocalho amarrado na canela
Será que ela mexe o chocalho ou o chocalho é que mexe com ela?»
Chico Buarque
Mano Namibiano muito obrigado. Sempre um prazer.
António Eduardo, agradecimentos. Saudações.
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