Foto: Jorge Coelho Ferreira

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POEMAS DE NAMIBIANO FERREIRA

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3 de abril de 2014

A POESIA... ORA, A POESIA...


A Poesia... (risos) ora, a poesia...
é coisa que não serve para nada!
Moringue de barro quebrado
não mata a sede a ninguém;
são letras, papéis ridículos 
não distribuindo dividendos
nem acumulando juros;
poesia não enche barrigas
grandes inchadas de fome
e o melhor poema seria
pão com marmelada
ou, antes, melhor que isso
um grande pão com chouriço
e para acompanhar um poema
um poema? sim, um poema
que seja uma grande caneca
ou garrafa de cerveja
a poesia? ora, não serve para nada
e de facto mais vale um grande
pão com chouriço e uma grade de cerveja
(de preferência uma Cuca fresca que se veja). 


Namibiano Ferreira

5 comentários:

António Eduardo Lico disse...

Uma bela poesia.
Recorda-me as palavras de Jorge de Senas: "Não conheço nada mais inítil que a Poesia, mas não conheço mais bonito."
Abraço.

DECIO BETTENCOURT MATEUS disse...

Oh mano, que poema interessante! Soltou-me algumas gargalhadas. Bah, mas a nossa poesia serve sim para muitas coisas. (Depois mudei de opinião!) (risos, risos...)

Kandandu

cirandeira disse...

Estou sempre me questionando sobre
qual a função da Poesia, da Literatura, ou da Arte em geral, na sociedade. Às vezes tenho a nítida sensação de que muitos que
a escrevem o fazem de uma forma abstrata, desligada do contexto social em que vivem, como se quisessem ignorar todos os problema que afligem os seres humanos, principalmente os menos favorecidos. Mas pelo que sei, a Poesia surgiu exatamente para trazer à baila os problemas de sua comunidade, onde todos ouviam, discutiam e buscavam uma solução. Parece que hoje em dia está havendo um dicotomia entre a Poesia e o poeta. Como é possível fazer-se poesia dissociada da realidade que nos cerca? Para QUEM? o poeta escreve? PARA QUÊ?
Cresci ouvindo que "saco vazio não se põe em pé"! Como alguém poderia ouvir, apreciar qualquer coisa que seja, sem ter o básico,
a principal condição para sua sobrevivência que é o alimento? Como um cérebro pode raciocinar, ter prazer de viver se não come?
Acredito que o poder transformador da Arte, embora seja real e necessário, se dá de
uma forma muito lenta, diria até
lentíssima, porque existem muitos outros fatores importantes que atuam na evolução da humanidade.
Esse tema é muito vasto, polêmico, e por isso mesmo, muito instigante!!

Kandandu

Graça Pires disse...

Gostei do tom irónico do poema...
Beijo.

NAMIBIANO FERREIRA disse...

Meus caros amigos,
as vossas respostas servem para confirmar que a poesia serve, de facto, para alguma coisa, Graca, o poema está carregado de ironias e também algum azedume...
Entendo os teus risos, mano Décio eheheheheh...
Cirandeira, claro que a poesia serve para alguma coisa, ou deveria servir, nasci num, país em que ela foi uma arma contra a opressao...
António, obrigado por lembrares esse mestre da poesia e da liberdade, Jorge de Sena.
Se a poesia nao for útil, pelo menos tem a beleza.

Kandandu a todos.