Quem ouve o silêncio de um mundo vazio ouve enfim a voz do vento.
Lamentável fora a vida antes dela se tornar como tal, pois nunca a tivera visto
como sendo um instante primeiro de que me devia ainda orgulhar. O que existe
entre mim e o nada das coisas é exactamente este silêncio de que me detenho
submisso desde que aqui me revejo como homem, como instante de vida humana.
Antes de mim existira entre os homens um contíguo de pétalas róseas ao qual
nunca se fizera comparação alguma. Hoje, o que restou de um milésimo de vida
são apenas reflexos dos tempos que se não apagam, pois eles estarão sempre
presentes, como as flores que hoje cravo nos lábios das mulheres que vejo
passar em meus sonhos. Não vejo quantos ventos ainda hei-de de colher, vejo
apenas a imagem de um rio que breve se me apresenta, fosse uma manifesta
declaração de amor que a qualquer instante há-de chegar aos meus ouvidos.
Nok Nogueira
Rio, in. Pensamentos
2 comentários:
Um belo texto.
Bom Sábado.
Abraço.
Estou a descobrir o Nok, um jovem poeta angolano e estou, sinceramente, fascinado.
Carradas de talento...
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