Para Midori, a minha neta!
Que faz hoje 4 anos.
Que faz hoje 4 anos.
Quase no final das chuvas e eu choro os desbarulhos da saudade das chuvas futuras que hão-de vir depois do comprido cacimbo.
Em África, as chuvas recriam a vida como se caissem no primeiro dia do Génesis. A cada ano, quando tamborilam as primeiras chuvas, há uma musicalidade mística que habita a alma das gentes. As chuvas trazem um sentido virgem e puro como se o Mundo acabasse de ser inventado.
Aqui, na Europa, as chuvas são simplesmente chuvas, água sem alma, caindo morta e sem um sentido profético de renovação. Não há aquele odor vivo, incaracterístico das chuvas a beijar o chão seco e quente no início de cada estação. A chuva não casa com a terra.
Em África, quando o sémen dos Deuses chove sobre a terra, liberta-se um perfume fresco e telúrico de fartura cozinhada que se come, que se bebe e se respira como se cada pessoa fosse moldada no barro húmido da terra.
Namibiano Ferreira
3 comentários:
A chuva tem sido escassa e irregular por aqui. Desconfio que ela anda meio zangada com o homem e por isso não exala aquele perfume característico quando se deita sobre a terra. No sertão tem sido cada vez mais escassa, e nos grandes centros ela chega furiosa derrubando árvores, devastando moradias. E quem sofre mais são os que habitam nas periferias. Sinto falta dela, do seu húmus fertilizante sobre o solo. Está tudo seco e rachado!
Um grande abraço, Nami
Que vivam silvestres
os belos relâmpagos
Bem-vindo ao meu mar
De acordo com a partilha solicitada
Lá no meu torrão distante, quando a chuva cai vem o cheiro de terra molhada,quando a chuva cai, o verde fica mais lindo, os pássaros cantam diferente, prenunciam a fartura, alegria na terra.
Bela inspiração amigo
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