Publicado no Cultura nr. 76.
Luanda, 16 de Fevereiro de 2015.
(Imagem Cultura - Jornal Angolano de Artes e Letras)
Poema que se encontra há muito na Alma para ser escrito
mas como outros, aguardam um determinado momento especial para nascer... Onde
tu estiveres Maria, minha irmã, que alguém te possa levar estas notícias... um
beijo!
MARIA GRAZIELA
Para a minha irmã de criação que não sei viva ou morta.
Lembro o crespo
sentir
da tua carapinha
dura,
os teus olhos doces
de gazela
o teu nome Maria
Graziela,
os lábios pequenos,
pétalas
suaves de uma flor
inominável
e a tua pele,
ébano-cetim
onde o sol deixava
indelével
beijos cegos de
luminosas esferas
sobre o relevo
macio do teu rosto.
Maria, tu foste tu
és tu serás
a minha irmã, a
mana mais velha
a irmã que nunca
tive tenho terei...
Foi logo no
burburinho inicial
dos ferros e das
armas de fogo
quando nos perdemos
um do outro.
Disseram-me tinhas
ido no Huambo
seguindo a
militância dos dias
eu fiquei no
Namibe... esperando
vi os karkamanos
chegar e partir
porém, só tu nunca
vieste...
se por acaso fores
viva, ainda,
que o sol te beije
por mim
todos os dias a
todas as horas;
se já viveste teu
komba, então
que os anjos
celestes te beijem
e ponham por mim
pequeninas
esferas de luz
divina em teu rosto.
Tu és a mana mais
velha...
a irmã que eu
queria voltar a ter.
Namibiano Ferreira
23/03/2010
2 comentários:
lindo...cheio de ternura!
Divinamente belo!
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