Relembrando aqui uma das perdas da cultura angolana em 2011. André Mingas cantando um poema de Viriato da Cruz.
Makèsú
- "Kuakié!... Makèzú..."
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O pregão da avó Ximinha
É mesmo como os seus panos
Já não tem a cor berrante
Que tinha nos outros anos.
Avó Xima está velhinha
Mas de manhã, manhãzinha,
Pede licença ao reumático
E num passo nada prático
Rasga estradinhas na areia...
Lá vai para um cajueiro
Que se levanta altaneiro
No cruzeiro dos caminhos
Das gentes que vão p´ra Baixa.
Nem criados, nem pedreiros
Nem alegres lavadeiras
Dessa nova geração
Das "venidas de alcatrão"
Ouvem o fraco pregão
Da velhinha quitandeira.
- "Kuakié!... Makèzú, Makèzú..."
- "Antão, véia, hoje nada?"
- "Nada, mano Filisberto...
Hoje os tempo tá mudado..."
- "Mas tá passá gente perto...
Como é aqui tá fazendo isso?"
- "Não sabe?! Todo esse povo
Pegô num costume novo
Qui diz qué civrização:
Come só pão com chouriço
Ou toma café com pão...
E diz ainda pru cima
(Hum... mbundu Kene muxima...)
Qui o nosso bom makèzú
É pra véios como tu."
- "Eles não sabe o que diz...
Pru qué Qui vivi filiz
E tem cem ano eu e tu?"
- "É pruquê nossas raiz
Tem força do makèzú!..."
Viriato da Cruz
2 comentários:
Very nice blog.
Happy new year from Italy.
Uma grande perda, Namibiano.
Essa canção é muito bonita, tenho um antigo disco de vinil com músicas de Angola onde consta essa canção. É uma preciosidade!!!
Obrigada pela visita e
um 2012 com muitas alegrias e realizações, inclusive poéticas!
Kandandu
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