Namibe - Angola
A terra que te
ofereço
I
quando,
ansiosa,
pela primeira vez
pisares
a terra que te
ofereço,
estarei presente
para auscultar,
no ar,
a viração suave
do encontro
da lua que
transportas
com a sólida
e materna nudez
do horizonte.
quando,
ansioso,
te vir a caminhar
no chão da minha
oferta,
coloco,
brandamente,
em tuas mãos,
uma quinda de mel
colhido em tardes
quentes
de irreversível
votação ao sul.
II
trago
para ti
em cada mão
aberta,
os frutos mais
recentes
deste outono
que te ofereço
verde:
o mês mais farto
de óleos
e ternura avulsa.
e dou-te a mão
para que possas
ver,
mais confiante,
a vastidão
sonora
de uma aurora
elaborada em
espera
e reflectida
na rápida
torrente
que se mede em
cor.
III
num mapa
desdobrado para
ti,
eu marcarei
as rotas
que sei já
e quero dar-te:
o deslizar de um
gesto,
a esteira
fumegante
de um archote
aceso,
um tracejar
vermelho
de pés nus,
um corredor
aberto
na savana,
um navegável mar
de plasma
quente.
Ruy Duarte de
Carvalho
1 comentário:
Uma bela poesia.
Abraço e boa semana.
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