Foto da net. Autor desconhecido
Há esse impregnado mistério que te acompanha a mudez pelos trilhos da vida. Nsituazola recorda as labaredas em cascata sobre a varanda. Era um fogo só de queimar os olhos. Eram roxas, loucas, vermelhas flores escorrendo uma cascata incendiada pelo caramanchão que coroava a varanda. As flores da buganvília eram a cabeleira de fogo descendo pela varanda que rodeava o velho sapalalo.
Em frente o Rio, sólida fluidez correndo as suas águas musculosas para o ventre marinho de kalunga. Ao longo das margens, uma verde aflição, um monstro verde querendo devorar a força hídrica do Rio, era a selva, a selva equatorial.
O sapalalo, velho e carunchoso, olhava estático o drama entre o fluir do Rio e a loucura verde da selva. No vagar do tempo, o sapalalo soprava estórias assobiadas por entre os inúmeros orifícios das suas paredes de madeira carunchosa. Através desses mágicos orifícios, Nsituazola podia observar as chuvas e as trovoadas antigas e aquelas que haveriam de acontecer. Quando os orifícios do sapalalo lhe mostraram o futuro que estava para vir, a Guerra, o menino deixou de falar. Nunca ninguém entendeu a razão do menino do Soyo ter deixado de falar...
Namibiano Ferreira
4 comentários:
Gostei de ler, Namibiano.
As guerras são factos horríveis.
Uma boa semana plena de realizações e vitórias pessoais.
~~~~~~~~~~
Há muito de onírico e intensamente poético neste... "Missossoema", seja o que for que esta palavra signifique. Gostei muito.
Majo, obrigado pela visita e comentário.
Obrigado pela visita e comentário que muito me honra.
Não devia ser "Missossoema" mas sim "Mussossoema" pois só postei um. A palavra não existe,é uma união de duas palavras , mussosso, (em kimbundu musoso = conto) e a parte final é poema.
Kandandu, meu caro amigo.
Enviar um comentário