30 de novembro de 2009

O IMBONDEIRO (BAOBÁ)

Apresento-vos o IMBONDEIRO, uma árvore que simboliza a africanidade. O imbondeiro é uma árvore mítica e mística, um verdadeiro símbolo de Angola e tantas vezes mencionada neste blogue e na minha poesia.


Imbondeiros ao por-do-sol

O imbondeiro é considerado uma árvore sagrada, inspirando poesias, ritos e lendas. Segundo uma antiga lenda africana, por exemplo, uma vez que um morto seja sepultado dentro de um imbondeiro, a sua alma irá viver enquanto a planta existir. Também se diz que a alma dos mortos se penduram nos seus ramos. Curiosamente, essa árvore tem uma vida muito longa, podendo chegar até seis mil anos. Só a sequóia e o cedro japonês podem competir com a longevidade do imbondeiro. Cabe salientar que esta planta foi amplamente divulgada no século XX, através da obra O Pequeno Príncipe, do escritor francês Antoine de Saint-Éxupery.


Tela de Neves e Sousa (Angola)

O seu nome científico é Adansonia Digitata, mas é também conhecida como Baobá Africano. O imbondeiro possui um tronco muito espesso na base, chegando a atingir até nove metros de diâmetro. O seu tronco vai-se estreitando em forma de cone e apresenta grandes protuberâncias. As folhas brotam entre os meses de julho e janeiro. Em geral, o imbondeiro floresce durante uma única noite, apenas, no período de maio a agosto. Durante as poucas horas da abertura das flores, os consumidores de néctares nocturnos - particularmente os morcegos -, procuram assegurar a polinização da planta.

Tudo no imbondeiro serve para a sobrevivência do ser humano. Vale ressaltar que esta árvore também se constitui em uma fonte preciosa de medicamentos. As suas folhas são ricas em cálcio, ferro, proteínas e lipídios, para além de serem usadas como um poderoso anti-diarreico e para combater febres e inflamações. Um pó feito de folhas secas vem sendo utilizado para combater a anemia, o raquitismo, a disenteria, o reumatismo, a asma, e é usado, ainda, como um tónico.


Flor do imbondeiro, com duas jovens múcuas.

O seu fruto é denominado múcua. A casca do fruto, é utilizada pelas pessoas como tigelas. A polpa e a fibra de seus frutos são capazes de combater a diarreia, a disenteria e o sarampo. O cerne da fruta combate a febre e inflamações no tubo digestivo; as sementes estão repletas de óleo vegetal, podendo ser assadas, moídas e consumidas como uma bebida que pode substituir o café.

Derrubar um imbondeiro é um sacrilégio em Angola. No que diz respeito à construção e carpintaria, ele só é utilizado quando não há um outro material mais adequado. A sua madeira serve para a construção de instrumentos musicais e o seu cerne rende uma fibra forte usada no fabrico de cordas e linhas.

Múcua, fruto do imbondeiro (aberto ao meio)
 
 
No tempo das chuvas
 
 
Nota: Há quem escreva embondeiro, mas em Angola é geralmente escrito imbondeiro. Etimologicamente, tem origem na palavra mbondo, do idioma Kimbundu.



MÚCUAS



As múcuas sempre me fizeram lembrar lágrimas
negras a escorrer de mãos digitais em desespero.


Múcua:
fruto mácula
veludo a pingar
mágoa negra
lágrima seca a chorar
escorrendo nos braços
mãos-imbondeiro
abertas aos céus
anunciando a crescer
desespero da terra
povo inteiro
múcua, mákua, mágoa
lágrima negra imbondeiro
a chorar.


Namibiano Ferreira

As múcuas, parecendo ratos pendurados pelo rabo.
 


25 de novembro de 2009

DOIS MIL ESPERANCA - SEXTA ANTOLOGIA

Dois Mil e Esperança é mais uma antologia em que irei participar. Como a anterior (Pangeia) tem a chancela da Editora Abrali de Curitiba no estado brasileiro do Paraná.

Era suposto ser apresentada ao público, conjuntamente com Pangeia, no dia 21 deste mês mas até agora não sei qual a data certa. O número limite de textos por participante são dois e desta feita os textos são inéditos.
Os livros da Abrali encontram-se à venda em: http://www.abrali.com/loja/  


Eis um dos poemas:




TEMPO SIDERAL


Sideral e luminoso o Tempo
é uma mulher de cabelos-vento soprando
brisas
        tormentos
               garroas...


E no colo do Tempo
repousam, por fecundar,
os fragores de futuras revoluções.




                    –Quem vem fecundar o ventre do Tempo?


Namibiano Ferreira

No entanto, a próxima Antologia já está a caminho, A TRAIÇÃO DE PSIQUÊ, onde participo com tres poemas de amor. Será apresentada ao público no dia 5 de Dezembro em Gondomar, Portugal. 

23 de novembro de 2009

OUTONAL







Imbondeiro - Angola


A falange fusca dos favos outonais
são espúrios ao bailado do kissanje
e os dias arrastam-se azedos,
uma kissângua que não fermenta...




Sobre a paisagem verde do Norfolk
uma demência alienada de vento
frio, húmido de cinzenta tristeza
sopra alvoraçando os laivos de ferrugem
correndo sobre a relva, musgo carnudo,
como pequenos animais endiabrados
e quase lembrando as folhas mortas
da mulembeira no princípio do cacimbo
mas sem a alma e a força do bafo tropical.




Os carvalhos, pulmões descarnados,
perdem-se nas ramificações solitárias
de brônquios, bronquíolos e alvéolos.
São árvores despidas do místico sentido
das chuvas frementes que hão-de vir,
são pálidas imitações dos imbondeiros...

Namibiano Ferreira

Carvalho - Inglaterra

22 de novembro de 2009

CAN 2010 - ANGOLA


Palancas Negras - Selecção Nacional de Angola

Início 10 de Janeiro de 2010 em Luanda.


A Selecção Nacional de futebol, estreia-se no CAN - Angola 2010, diante da sua congénere do Mali, no dia de abertura da competição, 10 de Janeiro de 2010, de acordo com o sorteio ditado, Sexta – feira, 20/11, em Luanda.



Estádio de Luanda - Grupo A
ANGOLA
MALI
MALAWI
ARGÉLIA


Estádio de Cabinda - Grupo B

COTE D'IVOIRE
BURKINA FASO
GANA
TOGO


Estádio de Benguela - Grupo C

EGIPTO
NIGÉRIA
MOCAMBIQUE
BENIM


Estádio do Lubango - Grupo D

CAMAROES
GABAO
ZAMBIA
TUNÍSIA




Mascote Oficial - Palanquinha

19 de novembro de 2009

HOSPITALIDADE

Tela de Neves e Sousa (Angola)


Irmão,
a noite cai no caminho
da tua viagem.
Ofereço-te meu fogo
e meu lar.
Longa é a noite
na ronda de mabecos
e chacais.
Entra, chega-te
à fogueira
trazendo a paz
no pó dos teus pés
sendeiros
e abraça a paz
da minha oferta.
Sobre o luando
a partilha
do que nos dão
os Deuses:
fundji bombó
feijão d’óleo de palma
kissângua
de refrescar a alma
frutas suculentas
coloridas
sape-sape gajajas
mangas
maboques pitangas.
Depois...
dançaremos roda
nos olhos quentes
da noite
à fogueira
do ritmo muxima
dos tambores
e das palmas cadentes
das mulheres
a dançar
o semba desejo
do corpo másculo
homem sendeiro
a desejar
o mistério quente
sumaúma do amor
e do corpo húmido
de uma mulher...


Namibiano Ferreira
Tela de Ducho (Angola)

17 de novembro de 2009

UMA LENDA TCHOKWÉ - Nordeste de Angola -

Tela de Eleutério Sanches (Angola)

Um dia o Sol foi visitar Deus. Deus ofereceu ao Sol uma galinha e disse-lhe: “Regressa de manhã antes de te ires embora”. De manhã a galinha cacarejou e acordou o Sol. Quando o Sol revisitou Deus, ele disse-lhe: “Não comeste a galinha que te dei para o jantar. Podes então ficar com a galinha mas deves regressar aqui todos os dias.” Daí a razão porque o Sol circula a terra e nasce todas as manhãs.

A Lua também foi um dia visitar Deus e também recebeu uma galinha como presente. De manhã a galinha cacarejou e acordou a Lua e Deus voltou a dizer-lhe: “Não comeste a galinha que te dei para o jantar. Podes então ficar com a galinha mas deves regressar aqui em cada vinte e oito dias.” Daí a razão porque a circulação total da Lua dura vinte e oito dias.

Um homem foi visitar Deus recebendo também uma galinha como presente mas o homem estava com fome depois de tão longa caminhada e comeu parte da galinha para o jantar. Na próxima manhã já o Sol estava bem alto quando o homem acordou. Comeu o resto da galinha, visitando Deus em seguida. Deus disse-lhe: “eu não ouvi a galinha cacarejar esta manhã.” O homem com certo receio respondeu: “eu tive fome e comi-a.” “Está bem,” disse Deus, “mas ouve, tu sabes que o Sol e a Lua estiveram aqui e nenhum deles matou a galinha que lhes ofereci.” Essa é a razão que nem o Sol nem a Lua morrerão um dia. Mas tu mataste a tua galinha e assim deves morrer como ela. Porém, à tua morte, deves regressar aqui outra vez.”

E assim foi.

Máscara Tchokwé

12 de novembro de 2009

LINO DAMIÃO – PINTOR ANGOLANO

As cores, o talento de um jovem pintor angolano. A pintura angolana promete e recomenda-se.






Nasceu em Luanda em fevereiro de 1977, trabalha sobretudo em pintura e gravura.

Muito cedo começou a desenhar e pintar, tendo frequentado o curso de desenho no Ex-Barracao o curso de pintura na UNAP e a primeira oficina de gravura também na UNAP.
Frequentou o atelier do grande mestre VICTOR TEXEIRA (VITEIX). E membro Fundador da cooperativa Pro-Memoria dos Nacionalistas e membro da União nacional dos artistas Plásticos. Participou em diversas exposições das quais se destaca a primeira bienal de jovens criadores da CPLP na cidade da Praia cabo-verde, 1999,a bienal de jovens criadores da CPLP, Porto 2001 Portugal, No projecto ArteModa-2002, oficina de criação com Kotas e Kandengues, no projecto Galarte no elinga teatro entre 2000 a 2006, trienal de Luanda etc.




Exposições Individuais



“Cores Cómicos e Contrastes” no Lebistrot Luanda-1999,
“Manchas o contornos “ Galeria Cenarius-2000
”Liberdade” No laboratório Nacional de Cinema Luanda-2002
Participa com mais dois artistas na exposição (Ritmos Coloridos) na galeria Humbiumbi no âmbito do programa na cidade jazz-2006
Reflexões na Associação 25 de Abril-2007
Recebeu o prémio de pintura de UNAP -1998, e mensao honrosa do Prémio Ensarte-1996
Participou como aderecista na peça teatral (Quem me dera ser onda) de autoria do escritor Manuel Rui-1999
Participou no workshop de arte moderna orientado pelo artista Hard Berge
Participou na pintura Mural da CUCA BGI, Banco Nacional de Angola e na baixa de Luanda sobre o eclipse total do Sol
Tem obras em colecções particulares em Luanda e no estrangeiro




Outras Actividades:


Organizou as seguintes exposições: Ritmos coloridos, no programa na cidade jazz na galeria Humbiumbi-2006
Organiza a exposição Shades of blues no centro cultural português ainda no âmbito do programa na cidade jazz-2005
Organiza Emoções do jazz da fotógrafa portuguesa Rita Reis na galeria Humbiumbi-2006
2007-Dentro do programa na cidade jazz, Exposição de pintura e fotografia das artistas Judy Ann Seidman e Rita Reis, Na galeria celamar 2007
Tem uma participação activa nos concertos de jazz que se realizam na cidade de Luanda uma vez fazer assistência da produtora de j.j.jazz desde 1990 com o critico de jazz Jerónimo Belo.

Texto retirado do blogue do pintor: http://linodamiao.blogspot.com/  onde também podem encontrar mais obras do autor.


Lino Damião

11 de novembro de 2009

DIA DA DIPANDA - INDEPENDÊNCIA 11/11/1975

Dedico este poema ao meu país, ao Povo angolano, meu mestre de poetar; para os meus antepassados que me ensinaram o sol da Igualdade entre todos os Homens e que eles se medem pela pureza das suas almas e não por outro e qualquer requisito mesquinho. Aos primeiros poetas angolanos que li aos 10 anos de idade e que ainda hoje, marcam a minha poesia, refiro-me a Aires de Almeida Santos e Viriato da Cruz, outros vieram depois. À minha família que construí aqui, em latitudes europeias, à minha mulher, que sempre acreditou no meu talento e me encorajou nos dias mais cinzentos e aos meus filhos, aos meus mais belos poemas, dois rubis e duas esmeraldas, poemas que construí conjuntamente com a mulher da minha vida, poeta também. E a vocês leitores que fazem a minha modesta poesia acontecer todas as vezes que a lêem.

Obrigado, Baketu, Twapandula, Sakidila, Kusakwila...



O Pensador



OFERTA... NGIZOLANGOLA (Amo Angola)


Ainda não sei escrever o poema que te queria oferecer.
Oh minha terra, amor a galopar na cacunda negra da palanca!
Oh minha terra, amor a crescer nos braços infinitos da welwitschia!
Procuro, na monotonia racional dos dias europeus e cruéis,
o poema e as palavras que façam jus do som a ferver kissanje,
do tamborilar-chuva da marimba e da alma a vibrar mbulumbumba,
zagaia a zunir o sorriso do povo de mão aberta no abraço sincero de dar.
Oh minha terra que vives no gargalhar iluminado de sol de uma bela mulher
kwanhama e da simplicidade matinal do povo a caminho da lavra saudando
wananguê os dias verdes de malaquite e das palmas cantadas no átrio ngoma
do coração do rapaz nganguela ascendendo na poeira aurífera da boiada
gritando na esquina do momento o canto aberto à alma do infinito:

–Moro Kèniii!
–Naindukaaa!
–Matxiririkaaa!

.......................................................................................................................


E eu, na lonjura dos dias magros de sol, respondo: –Eh! a cada grito saudado
e proferido, batendo minhas palmas na alma de meu coração, ngoma solitária
ainda a cheirar a mafumeira talhada no kimbo onde as mulheres tagarelando
canções batem o compasso pilando massango dando mais música à saudade
e trazendo, nos dias ingleses de smog, à varanda húmida, fria dos meus lábios
um sorriso de te dizer gritando: Oh minha Mátria! Oh minha terra!
Oh minha renúncia impossível! Oh minha terra! Oh minha Frátria!
Ainda... e ainda não sei escrever o poema que te queria oferecer.




Namibiano Ferreira

 








ANGOLA, AVANTE!


Ó Pátria, nunca mais esqueceremos

Os heróis do quatro de Fevereiro.
Ó Pátria, nós saudamos os teus filhos
Tombados pela nossa Independência.
Honramos o passado e a nossa História,
Construindo no Trabalho o Homem novo,


(repetir os dois últimos versos)




CORO


Angola, avante!
Revolução, pelo Poder Popular!
Pátria Unida, Liberdade,
Um só povo, uma só Nação!


(repetir coro)


Levantemos nossas vozes libertadas
Para glória dos povos africanos.
Marchemos, combatentes angolanos,
Solidários com os povos oprimidos.
Orgulhosos lutaremos pela Paz
Com as forças progressistas do mundo.


(repetir os dois últimos versos)
 
Letra: Mário Rui Monteiro
Música: Rui Mingas
 


10 de novembro de 2009

KANDANDU - ABRAÇO

Porque amanhã é dia da Dipanda (Independência), aqui fica um kandandu mwangolé (abraço angolano) para todos os leitores de Ondjira Sul.


Axiomas fervilham na nudez
luzidia das raízes dos dedos
e o sol, semba da madrugada,
pai da Liberdade, acorda
a Nação no âmbar rútilo
do Leste-Moxico a cantar
a rosa-dos-ventos todos
como de fosse um semba
rubro, kandandu sincero,
abraço a trazer Cabinda-Kunene
vento aberto de par em mar
na palma livre do peito e da alma.


Namibiano Ferreira
 
 
Muito obrigado pelas vossas visitas e comentários.

9 de novembro de 2009

O MERCADO DE BENFICA - LUANDA

Luanda - A agitação de carros e homens começa cedo no Mercado do Benfica, o mais tradicional mercado artesanal do país, a sul da capital Luanda. Turistas e nativos, amantes de arte ou meros curiosos, buscam ali diariamente, sobretudo aos fins-de-semana, criativas lembranças feitas em pura madeira africana.

Aberto há duas décadas na comuna do Benfica, município da Samba, o espaço tornou-se referência para quem se desloca a Angola, servindo de fonte para os ateliers luandenses.
O Mercado do Benfica já foi maior territorialmente e com a realização de obras nos arredores, ocupa hoje uma área geográfica de aproximadamente 300 metros de comprimento e 40 de largura, preenchida por mais de mil vendedores legalizados.
Abre-se ao público de terça-feira a domingo, mas é ao fim-de-semana, principalmente aos sábados, que a agitação atrai quem circula pelas proximidades, a caminho das praias locais, ou em busca propositada de máscaras e demais peças de artesanato, feitas em pau ferro, preto, rosa ou cinza.



Algumas esculturas do Pensador.

 
Nessa praça artesanal, a diversidade é grande, a criatividade chama atenção e as obras expostas reflectem, cada uma com um toque especial, a cultura tradicional e etno-linguística de vários povos de Angola.

A oferta ultrapassa de longe o número de compradores, maioritariamente turistas. Todavia, nunca falta quem queira levar uma peça autêntica ou simples réplica de produtos já internacionalizados, como o Pensador (obra-prima de harmonia e simetria da linha, típica do povo Lunda-Cokwe, parte nordeste do país).
É de baixo de sol ardente ou sob frio de rachar que homens e mulheres afinam a máquina do "marketing" pessoal, para atrair clientes às coloridas bancadas de um mercado, onde vão à mostra, todos os dias, mais de dez mil peças de artesanato.
Como em outros locais de Luanda, o Pensador está entre as mais caras, pelo seu simbolismo antropológico e
pela dificuldade que encerra na sua produção.


Máscaras tradicionais
 
 
Mas o comprador encontra muito mais alternativas. Máscaras de referência, como Mwana Pwo, estatuetas de santas, da mulher mumuíla e de caçadores, bem como bonecos em formato de elefante, rinoceronte girafas (…) constam das bancadas.

No centro do mercado encontram-se também quadros de artes plásticas de diversos tamanhos, feitos com técnicas modernas, além de roupas com as cores e símbolos da bandeira nacional. A distribuição é aleatória, pelo que peças de missanga e cestos diversos, feitos à base de esteira, ocupam uma das alas da feira.
Os preços podem ir dos mil e 500 aos 80 mil kwanzas ou mais. Tudo passa pelo tamanho da peça. Um elefante pequeno, feito de pau rosa, custa sete a oito mil, enquanto um leão de 70 por 80 centímetros pode atingir 80 mil kwanzas. Esse é o mesmo valor de um rinoceronte, com as mesmas dimensões.







Todas as fotos da net.


(Texto de Elias Tumba, adaptado)

RELENDO VIRIATO DA CRUZ NOS CAMPOS DO NORFOLK

Viriato da Cruz (poeta angolano)

Quase todos os dia chove.
O sol não se dilui na face
dos nossos desejos.
Aqui, cada dia mais a Norte,
a luz de Inglaterra
é a infinita verdura espalhada
pelos campos do Norfolk
às vezes cerceados pelo manto
das vestes outonais
e o verde do Norfolk é uma sede
na aridez do meu deserto...

E o que sei de mim
está no suspenso da tarde
- agonia cinzenta -
onde caminho relendo
os poemas do Viriato.
Os poemas choram
no assobio triste
deste vento outonal
e os poemas do Viriato
já não são em si mesmos
o Viriato na pessoa
de sua voz.
E por entre uivos
do silêncio tagarela
tudo se perde
na voracidade verde
que não satisfaz
a clorofila tropical
da minha alma.



Namibiano Ferreira

Quedas da Kalandula (Malanje - rio Lucala)

3 de novembro de 2009

É NOVEMBRO NOVAMENTE...


Para a Meg, que tanto adora as acácias rubras em flor, está no tempo delas florirem ao longo das ruas e avenidas de Luanda, de Benguela... de Angola.




Naquela manhã do Sul
chovia Novembro
no falar do calendário
e os dedos dos dias todos
traziam búzios e ventos
a passar os teus braços
abertos a desejar os céus,
eram tempos incendiados
no soar místico das marimbas
disseminando a invocação
rubra das acácias ao sol
chorando pétalas
sangue de veludo
mágoas passadas
no construir hodierno
da paz ndele de voar
sobre acácias rubras
florindo Novembro
de permanentes açucenas.





Namibiano Ferreira


Ndele - garça branca/boieira.