Tela de Neves e Sousa (Angola)
Irmão,
a noite cai no caminho
da tua viagem.
Ofereço-te meu fogo
e meu lar.
Longa é a noite
na ronda de mabecos
e chacais.
Entra, chega-te
à fogueira
trazendo a paz
no pó dos teus pés
sendeiros
e abraça a paz
da minha oferta.
Sobre o luando
a partilha
do que nos dão
os Deuses:
fundji bombó
feijão d’óleo de palma
kissângua
de refrescar a alma
frutas suculentas
coloridas
sape-sape gajajas
mangas
maboques pitangas.
Depois...
dançaremos roda
nos olhos quentes
da noite
à fogueira
do ritmo muxima
dos tambores
e das palmas cadentes
das mulheres
a dançar
o semba desejo
do corpo másculo
homem sendeiro
a desejar
o mistério quente
sumaúma do amor
e do corpo húmido
de uma mulher...
Namibiano Ferreira
Tela de Ducho (Angola)
Ótimo poema,
ResponderEliminarmeu caro,
ótimo poema.
Kandandu/abraço.
Nami,
ResponderEliminarUm poema cheio de ritmo, e de gajajas, palavra que lembro da minha infância - à sobra duma enorme gajajeira foram muitas as brincadeiras infantis...
E o Neves e Sousa...as telas quentes do Neves e Sousa.
Um abração para ti,
ps: O meu obrigada pela visita e comentário no post do Nozes Pires, no Experimentalidades. Kandandu
Oi,
ResponderEliminarComo, no Brasil, hoje
é o Dia da Consciência Negra,
publiquei no Balaio um
poema bastante conhecido
de Agostinho Neto.
Ah, sim,
tinha me esquecido de
dizer que as ilustrações
- maravilhosas pinturas -
são emocionantes.
Kandandu.
É isso mano. É isso mesmo, as nossas fogueiras de tradição oral, as conversas, as estórias, O Leão e o Macaco, a nossa comida, fundji bombó, feijão d’óleo de palma e a nossa kissângua! É isso mano. Deve até dar vontade de chorar, um poema desses aí na terra alheia e fria dos brancos. Maravilha mano.
ResponderEliminarlindo, lindo!
ResponderEliminarNamibiano maravilhoso poema. Que sensibilidade. O mundo seria definitivamente melhor com a pureza existente na sua poesia.
ResponderEliminarKandandu
Carmo
Moacy, obrigado pelo elogio.
ResponderEliminarKandandu
Meg, de facto é um poema cheio de ritmo eu comia agora era umas gajajas e ou maboques.......
ResponderEliminarBjs
Nami
Décio.... xé mano!! Ficas assim só a falar essas coisas na boca de muxima e eu vou chorar mesmo. Obrigado pelos elogios, os poetas tambem sao mortais e gostam de ouvir elogios destes.
ResponderEliminarKandandu, mano!
Maria Muadie, o seu "lindo" a dobrar soa bem, obrigado.
ResponderEliminarKandandu
Carmo, um sincero obrigado. Os poetas sao homens como os outros, com defeitos e qualidades mas que tentam ser melhores, pelo menos através da sua poesia e quantos pagaram essa ousadia com a própria vida? Lembro-me de Lorca, por exemplo.
ResponderEliminarKandandu
Bom dia Namibiano,
ResponderEliminarBelíssimo poema, e a hospitalidade é mesmo uma característica nossa.
Sobre aquela pesquisa, até agora
ninguém pôde dar-me um significado a altura, talvez os que me circundam não sejam especialistas conhecedors do kimbundo, vou aprofundar a procura.
Kandandu!
Rosa, ainda bem que gostou deste poema porque a ideia do título surgiu exactamente a lembrar a nossa lendária hospitalidade, repartindo, muitas vezes, o que já é pouco. Será vaidade de minha parte dizer que gosto muito deste poema? E gosto por essa hospitalidade mwngolé que encerra.
ResponderEliminarObrigado pelo trabalho de pesquisa, se nao conseguir nao se preocupe.
Kandandu
Olha que poeta maravilhoso.
ResponderEliminarA riqueza de Angola está debaixo do solo e na poesia dessa gente linda.
Voltarei mais vezes.
Beijos do Brasil.
Juracy Ribeiro.