23 de novembro de 2009

OUTONAL







Imbondeiro - Angola


A falange fusca dos favos outonais
são espúrios ao bailado do kissanje
e os dias arrastam-se azedos,
uma kissângua que não fermenta...




Sobre a paisagem verde do Norfolk
uma demência alienada de vento
frio, húmido de cinzenta tristeza
sopra alvoraçando os laivos de ferrugem
correndo sobre a relva, musgo carnudo,
como pequenos animais endiabrados
e quase lembrando as folhas mortas
da mulembeira no princípio do cacimbo
mas sem a alma e a força do bafo tropical.




Os carvalhos, pulmões descarnados,
perdem-se nas ramificações solitárias
de brônquios, bronquíolos e alvéolos.
São árvores despidas do místico sentido
das chuvas frementes que hão-de vir,
são pálidas imitações dos imbondeiros...

Namibiano Ferreira

Carvalho - Inglaterra

6 comentários:

  1. Sempre um bom poema poema, né Namibiano! e este carvalho, este Imbondeiro, puta madre! dá vontade de tatuá-los em minha pele como se tatuam em meu ser, como me tatuo neles. hm, dá vontade de nos deitar ali e ficar a sonhar idílios...

    estou lendo um livro "hadriana en touts mes rêves", de um haitinao lá do jacmel que, putz, agora não lembro o nome (depois lhe digo)... ele usa muitas palavras em dialeto criolo, o apêndice ao final do livro tem mais 5 páginas de dizeres. uma obra-prima da terra dos vodoos, onde sonho e realidade se fundem...

    um beijo.

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  2. Poema bem bonito Namibiano,

    O imbondeiro é Imponente, um símbolo da angolanidade!

    kandandu!

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  3. Nina, gostei da irreverencia do seu comentário: "puta madre!" Pode querer o Imbondeiro merecia ser tatuado na pele, na alma... na Eternidade.
    Eu trago-o tatuado na Alma, existirá sempre um poema falando dos Imbondeiros na minha poesia porque eles fazem parte de mim.
    Kandandu

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  4. Obrigado, Rosa.
    Como disse anteriormente haverá sempre um poema meu a falar de Imbondeiros... estao-me tatuados na Alma.
    "O imbondeiro é Imponente, um símbolo da angolanidade!"

    Kandandu

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  5. Nami,

    Que bem sentes o nosso imbondeiro!
    E esses carvalhos, descarnados e sem cor...

    uma demência alienada de vento
    frio, húmido de cinzenta tristeza
    ...

    Só estas palavras já me provocam um arrepio.

    O Imbondeiro, vou levá-lo comigo, não resisto.

    Um abraço

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  6. Olá Meg,
    O que estiver neste blog, podes levar contigo, se for a minha poesia só é preciso mencionar o autor e se quiseres o blog.
    Kandandu

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