Dedico esta postagem ao Fernando Ribeiro, um poema de Ana Paula Tavares, uma poética que ele muito aprecia.
De que cor era o meu cinto de missangas, mãe
feito pelas tuas mãos
e fios do teu cabelo
guardado do cacimbo
no cesto trançado das coisas da avó
Onde está a panela do provérbio, mãe
a das três pernas
e asa partida
que me deste antes das chuvas grandes
no dia do noivado
De que cor era a minha voz, mãe
quando anunciava a manhã junto à cascata
e descia devagarinho pelos dias
Onde está o tempo prometido p'ra viver, mãe
se tudo se guarda e recolhe no tempo da espera
p'ra lá do cercado
Ana Paula Tavares
Aprecio, sim, amigo Namibiano. Obrigado pela dedicatória.
ResponderEliminarAlém de ser uma excelente poetisa, Ana Paula Tavares identifica-se profundamente com o seu povo e a sua cultura, à semelhança do meu amigo.
Acho curiosa a referência no poema à "panela do provérbio", que é uma tradição de que praticamente ninguém fala. É uma panela cuja tampa tem modelada (no caso de a tampa ser de barro) ou esculpida (no caso de ser de madeira) uma representação pictórica de um provérbio.
Ainda bem que gostou. E Obrigado pela parte que me toca.
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