15 de julho de 2013

ESPUMA DO MAR


Te sinto chegar como espuma
Do mar num domingo à tarde.

Despertas a intensidade do meu voo
Sobre as asas abertas do teu sexo.

Fracturas a humana equação
da intimidade do verão.

Me lambes como quem
Lambe um prato de feijão de óleo palma.

Boca a boca, semente a semente, laranja sem gomos
Plurimaturada a tua língua
Por detrás dos joelhos rói
A cartilagem da minha alma:
Viro ninguém numa paragem de candongueiro.

Boca sem gomos, laranja a laranja
O coaxar dos sapos nos teus olhos rasos de água
E o colidir da chuva contra o insecto
Branco »cor de vinho« da tua palavra
Bebem dessa construção.


José Luís Mendonça

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