É uma das grandes instituiçoes culturais da Angola independente e com uma enorme projecção internacional. A Chá de Caxinde nasceu em janeiro de 1989 e passados 21 anos é uma grandiosa instituição que orgulha os angolanos.
UNIR PELA CULTURA
Em 1989, Luanda vivia num vazio cultural e sob o peso do recolher obrigatório resultante da guerra em que Angola estava mergulhada. A associação Chá de Caxinde foi criada nesse ano como resposta a este cenário. (...) Chá de Caxinde é não só um nome incontornável na cultura angolana mas também local obrigatório para quem quer respirar e fazer parte do que de melhor se faz em Luanda nos mais variados domínios das artes, do debate e da reflexão.
Hoje, recorda Jacques dos Santos, 64 anos, fundador da associação, Luanda é uma cidade com múltiplas ofertas culturais. Mas não era assim em 1989, quando, no dia 28 de Janeiro desse ano, reuniu mais oito pessoas, a quem chama de "grupo percurssor", e lançou as bases daquilo que é hoje o Chá de Caxinde.
"Não havia uma editora - hoje existe uma com o nome da associação - não havia livros nas livrarias, teatro, dança... o recolher obrigatório limitava e muito a vida das pessoas. A 28 de Janeiro de 1990, foi assinada a Acta de Proclamação da associação, subscrita por 100 pessoas", lembra Jacques dos Santos, que é escritor e deputado do MPLA.
Actualmente a associação tem 600 sócios, entre estes os escritores Pepetela, criador da frase que serve de azimute ao Chá de Caxinde, "Unir pela Cultura", e Luandino Vieira, que desenhou a "bandeira" da associação. Um dos últimos nomes a entrar para a lista foi o de Marcelo Rebelo de Sousa.
O debate e a reflexão estão também no centro das actividades do Chá de Caxinde. As discussões em torno do arrojado e luxuoso projecto arquitectónico em curso na Baía de Luanda foram ponto alto na vida da associação.
"Somos contra, fomos contra e os nossos debates tiveram importância ao ponto de o projecto inicial ter sido alterado. Para nós, tudo aquilo que descaracterize Luanda é um erro e dizemos sempre o que pensamos", garante.
Mas nem tudo são rosas, ou folhas de caxinde, a planta que permite o chá com o mesmo nome, que, além das suas propriedades relaxantes, simboliza em Angola, onde esta beberagem é consumida de Cabinda ao Cunene, a sabedoria.
E Pepetela, numa curta declaração durante a festa do 19º aniversário da associação, deixou um recado claro: "Aqueles que querem que o Chá de Caxinde acabe, esqueçam. Desistam eles antes porque nós vamos continuar".
Nota: o chá de caxinde (Cymbopogon citratus) é o que em Portugal se chama chá príncipe e no Brasil capim-limão ou capim-cidreira.