Vou participar em mais uma antologia que sairá muito em breve na I Bienal Internacional do Livro de Curitiba – Brasil.
“Poemas Versos Crônicas – A Arte desafiando a Vida”, assim se intitula a obra, tem a chancela da Abrali Editora, sediada na cidade brasileira de Curitiba.
Nela participo com cinco poemas, um deles é o poema que dedico a Vó Mariana, uma mulher que realmente existiu e que foi minha conterrânea e vizinha, paz à sua alma.
“Poemas Versos Crônicas – A Arte desafiando a Vida”, assim se intitula a obra, tem a chancela da Abrali Editora, sediada na cidade brasileira de Curitiba.
Nela participo com cinco poemas, um deles é o poema que dedico a Vó Mariana, uma mulher que realmente existiu e que foi minha conterrânea e vizinha, paz à sua alma.
Este livro pode ser adquirido online, siga o link: http://www.abrali.com/loja/
Homenagem a Vó Mariana esposa do grande Soba Republicano da Cidade de Tômbwa .
Xé, miúdos da minha cidade!
É tempo de pôr rolha...
Vó Mariana espera os meninos todos
Envolta nos seus panos compridos
Descendo sobre o corpo esguio de velha sabedoria.
Contra o makulu não há rival
Sabe todos os segredos:
erva de Santa Maria
pau de kissékua…
Se o menino tem bucho virado
Vó Mariana sabe também
E na sua casa entram os miúdos todos.
É tempo de matar o makulu
vamos só na casa de Vó Mariana
pôr rolha e tomar kissékua…
O vento parou e o tempo teimou em passar.
Vó Mariana, provavelmente, já morreu
Só eu, tão longe, sismo em lembrar:
makulu, rolha, kissékua...
e Vó Mariana aberta num sorriso de marfim
vem recebendo, à porta de casa, seus netos todos:
meninos pálidos-negros-morenos.
Namibiano Ferreira
Pau de kissékua – casca de determinada árvore que se reduz a pó e com o qual se faz um medicamento tradicional (kissékua) contra os vermes intestinais.
Makulu – vermes intestinais, vulgo lombrigas.
Rolha – misturas de ervas esmagadas que se introduz no ânus das crianças como terapia contra o makulu.
Xé, miúdos da minha cidade!
É tempo de pôr rolha...
Vó Mariana espera os meninos todos
Envolta nos seus panos compridos
Descendo sobre o corpo esguio de velha sabedoria.
Contra o makulu não há rival
Sabe todos os segredos:
erva de Santa Maria
pau de kissékua…
Se o menino tem bucho virado
Vó Mariana sabe também
E na sua casa entram os miúdos todos.
É tempo de matar o makulu
vamos só na casa de Vó Mariana
pôr rolha e tomar kissékua…
O vento parou e o tempo teimou em passar.
Vó Mariana, provavelmente, já morreu
Só eu, tão longe, sismo em lembrar:
makulu, rolha, kissékua...
e Vó Mariana aberta num sorriso de marfim
vem recebendo, à porta de casa, seus netos todos:
meninos pálidos-negros-morenos.
Namibiano Ferreira
Pau de kissékua – casca de determinada árvore que se reduz a pó e com o qual se faz um medicamento tradicional (kissékua) contra os vermes intestinais.
Makulu – vermes intestinais, vulgo lombrigas.
Rolha – misturas de ervas esmagadas que se introduz no ânus das crianças como terapia contra o makulu.
Namibiano eu tive de facto duas avós ambas "Mariana2 fiquei muito sensibilizada quando li que vai participar numa antologia com alguns poemas um deles dedicado á Vo Mariana. Pois bem, se não se importar que sirva de homenagem a todas as avós mas em particular a vo Mariana.
ResponderEliminarA minha avó Mariana, mãe da minha mãe com quem eu mais convivi contava-me estórias maravilhosas desde o fantástico, ao religioso, aliás acho até que na cabeça dela os dois misturavam-se. Eu deliciava-me a ouvi-la
Um beijo
Carmo
E boa sorte
Carmo, as avós sao seres mágicos... pelo menos se assim o ditarem as nossas recordacoes. Vó Mariana nao era minha avó de sangue mas em Angola era como se fosse... todos temos muitos tios, primos, avós e também manos lacos especiais da nossa família humana.
ResponderEliminarPode entender esta homenagem a todas as AVÓS, elas merecem.
Kandandu
Maravilha de poema e mensagem. Já tinha lido. Em bom estilo. Maravilha, Namibiano. E parabens por mais esta participação.
ResponderEliminarNAmibiano, livro em solo brasileiro, que bacana!
ResponderEliminarTambém me lembro dessa poesia, as avós são especiais.
um abraço,
Martha
Tens boa memória. Já foi publicado aqui e se nao me engano também fizeste comentário ou entao foi no blogue do Admário (Hariapoesis).
ResponderEliminarModéstia á parte mas é um dos meus poemas favoritos.
Kandandu
Martha, obrigado pela visita e comentário mas uma pequena rectificacao, a antologia em questao nao é livro a solo, outros autores participam.
ResponderEliminarKandandu
rsrsrs...
ResponderEliminarAmigo, olha a nossa lingua nos complicando! Solo no sentido de chão, publicação em chão brasileiro!
Longe de mim, infelizmente, pois estou cá na Bahia.
kandandu
LOL!!!!!
ResponderEliminarMartha, nao é nossa língua nos enganando nao. Lá está "em" e nao "a", sabe o que isso é? Velhice, mania de nao usar os óculos quando venho para o computador... preciso deles só para ler e depois acontecem estas coisas...
mil desculpas, amiga e receba um grande kandandu!!!
Namibiano
Namibiano Ferreira
ResponderEliminarEstive lendo suas poesias e gostei muito.
Voltarei sempre aqui.
Abraços.
Val Du, seja sempre bem vinda!
ResponderEliminarKandandu
Bom dia,
ResponderEliminarEncontrei este poema sobre a avó Mariana. E o mais fantástico é que a minha mãe (que está ao meu lado) teve o privilégio de conhecer e viver, durante a sua infância, perto desta avó Mariana - a esposa do Republicano, em Porto Alexandre. A minha mãe é filha do Marçal - músico e barbeiro. Ela sente-se, como todas as minhas tias e tios, netos da avó Mariana.
Este poema não podia ser mais autentico. Desde criança que oiço falar da avó Mariana com muito carinho e este poema corresponde, precisamente, à pessoa de quem sempre ouvi falar.
Parabéns,
Romina Marçal Eusébio
Bem vinda a nova geracao de gente de Tombwa, ex-Porto Alexandre.
ResponderEliminarKandandu
Olá Namibiano,
ResponderEliminarO pai da Lídia e da Juca é meu tio-avó. O Marçal que vivia ao lado da loja do Castanheira é o meu avó. A Juca é minha prima e madrinha.
Possivelmente, a minha tia com quem andou à escola deva ter sido a Elisabete Marçal (Beta) ou a América Marçal (Méquita).
A minha mãe tem ideia da madrinha da Lídia ser a Dona Rosete.
A minha mãe acredita que as minhas tias, como são mais velhas, saberão, com certeza, quem é o Namibiano.
Eu e a minha mãe ficámos muito felizes por saber que outras pessoas partilhavam o mesmo sentimento de gratidão e amor pela avó Mariana. Nem imagina a alegria que o seu poema sobre a avó Mariana é capaz de provocar entre os meus tios.
Abraços e continue, está a fazer um óptimo trabalho:)
Romina
Parabéns, Nami! Que boa notícia ter um livro teu em nossas terrar, e que privilégio pra nós!
ResponderEliminarTeu poema fêz-me sentir saudade de algo que não tive a sorte de vivenciar, pois não conheci meus avós...!
Não consegui votar em tua amiga, porque não tive acesso ao site.
Kandandu