"Ensina a teus filhos o que temos ensinado aos nossos: que a terra é nossa mãe. Tudo quanto fere a terra - fere os filhos da terra. Se os homens cospem no chão, cospem sobre eles próprios.
De uma coisa sabemos. A terra não pertence ao homem: é o homem que pertence à terra, disso temos certeza. Todas as coisas estão interligadas, como o sangue que une uma família. Tudo está relacionado entre si. Tudo quanto agride a terra, agride os filhos da terra. Não foi o homem quem teceu a trama da vida: ele é meramente um fio da mesma. Tudo o que ele fizer à trama, a si próprio fará."
Chefe Seattle (índio norte-americano)
Mete medo esta voracidade humana. Mete medo esta global aflição do mais forte comendo o mais fraco, num acto descarnado e antigo como a aurora do mundo e ferozmente permanente.
Mete medo esta desumanização que pulula no lombo morto dos caminhos. Tudo devoramos à nossa passagem, devorando o Futuro num acto consciente e egoísta mas confiantes na aurora dourada de amanhã.
Glorificamos, num global magnificat, o progresso, essa tão apregoada Globalização, que não reflecte, em coisa nenhuma, toda a nossa humanidade e em vez de uma franca e honesta solidariedade global assistimos ao alvorecer de uma pretensa nova era para a global humanidade mas que nos remete para a acidez de uma nova nomenclatura a rimar, sem disfarçar, com totalitarismo, exploração e colonialismo.
Confiantes, os senhores do politicamente correcto, os governantes dos países todos, glorificam a ecologia verde do dólar e azul do euro. E o povo? Deixem-me soltar uma franca e triste risada, o povo que se lixe e como dizia um famoso humorista* brasileiro: “o povo que se exploda!!”
Globalização? Sim, talvez sim mas não esta que segue por este caminho escuro e egoista. Vamos globalizar pela via do humanismo, da verdadeira igualdade, da paz, da solidariedade, da justiça, da partilha entre todos os homens de boa vontade em harmonia e sem superioridades mas mostrando as veias vermelhas da nossa humana e universal condição.
Namibiano Ferreira
*Refiro-me a Chico Anísio, interpretando a personagem do senador Justo Veríssimo.