Como Se o Mundo Não Tivesse Leste
(As Águas do Capembáua)
Em Abril chouveu bastante, últimas chuvas da estação. Os três primeiros
meses de permanência de R na fazenda foram afanosamente preenchidos com a
implantação de uma vedação de arame à volta da fazenda. R. acordava a meio da
noite ainda, na barraca de zinco, ouvindo o Calembera às voltas com o fogo,
para fazer café. Lavava a cara na bacia de esmalte, cá fora, aquecia as mãos no
telheiro da cozinha, bebia a zurrapa e arrancava no jipe. Trezentos metros à
frente, no acampamento, recolhia os tractoristas e ganhava a savana, antes do
sol nascer, o carro descapotável e o vento a cortar a face.
Meses frios, Junho e Julho. As nuvens baixas, sempre, de cacimbo, e a
humidade, à tarde, ventosa e agreste, do lado do mar.
Cento e trinta quilómetros de periferia. À frente um tractor, a abrir a
picada. O pessoal, atrás, a fazer buracos, a implantar os postes, a estender o
arame. O cheiro da terra, arranhada pelo bulldozer, e o imprevisto diário de
sucessivos horizontes, extensos e novos.
Ruy Duarte de Carvalho, Como Se o Mundo Não Tivesse Leste
"Como se o Mundo Não Tivesse Leste" foi o primeiro livro que li de Ruy Duarte de Carvalho e fiquei maravilhado. Fui logo a correr comprar "A Decisão da Idade" e fiquei maravilhado a dobrar.
ResponderEliminarAndo a reler Ruy Duarte de Carvalho e a comprar os livros que li mas que eram, nessa altura, da Biblioteca Municipal de Ovar.
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