Santuário Nossa Sra. da Muxima - Angola
Fiz um terço no
cicio de vozes,
rezei a alma
rolando, em cada conta,
um pecado marcado,
cantado,
riscado de
premonições nefastas
e diabinhos
moleques hiperactivos,
malcriados, safados.
Ximbiquei o dongo,
subi o Kwanza
visitei a Santa,
lamuriando ajudas
e auxílios: Mama
Muxima, Mama Muximê
aiuê, aiuê, auiê...
ituxi, ituxiuê!
E a Santa virou
costas,
muxoxou, revirou os olhos
e, mudando de
lugar,
pegou o Menino na
cacunda
e foi subindo no
Céu a sorrir,
só a cantar uma
cantiga de ninar...
Pecador regressei,
à toa,
desci o Kwanza e
cego de pecados
viajo perdido,
ainda,
nas águas amargas
de Kalunga
fazendo terços,
rezando a alma:
mil contas de
pecados entre meus dedos
rolando em
minúsculos pedaços...
Namibiano Ferreira
Poema publicado no Cultura _ Jornal Angolano de Artes e Letras de 26/05/2014
http://jornalcultura.sapo.ao/letras/dois-poemas-da-peregrinacao-do-sekulu
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