Quero partilhar com os leitores desta obra parte da experiência que vivi
quando jovem, durante o pro-cesso de independência do país, os anos de
guerrilha que se seguiram à proclamação da independência, e o processo de
negociação que conduziu às primeiras eleições da história de Angola. Esta é,
antes de mais, uma narração dos acontecimentos, vistos do meu ponto de vista,
como parte de uma geração, na altura adolescente, que se viu arrastada pelo
vendaval da revolução, numa corrida imposta por vontades, desacordos e ambições
da geração mais velha. (…) Esta obra não pretende ser história absoluta. Ela é,
como disse acima, apenas uma narração da minha trajectória na luta pela
inclusão democrática, relato de uma vida entregue e moldada pela
"revolução".
Estas são palavras de Jardo Muekalia, no preâmbulo do seu livro, “Angola, A
Segunda Revolução”.
Acabei muito recentemente de ler este livro que aconselho pela sinceridade
com que Jardo Muekalia relata factos que são hoje históricos, podemos não concordar
com o autor ao longo do livro mas não podemos negar a qualidade da obra, bem
escrita, bem estruturada e que, mesmo quando transcrevendo memorandos políticos
e outros não se torna um livro aborrecido, pelo contrário, a escrita de Jardo
leva o leitor a querer saber o que se vai passar na próxima página, no próximo
capítulo. Lê-se, quase como de fosse um romance. Creio que houve temas e acontecimentos não abordados, como, por exemplo, "a queima das bruxas" e, por outro lado, muitas interrogações se põem
ao leitor atento e crítico, o meu livro ficou cheio de notas a lápiz. Para mim
as principais questões são: Lutou a UNITA, realmente, pelo multipartidarismo, a
democracia e os direitos humanos em Angola? Qual a verdadeira ideologia
política da UNITA? E por fim, parece-me que Jonas Savimbi se tranformou num “warlord”,
concretizada a paz não soube mais o que fazer do que guerrear, embora
apregoasse a paz.
Apesar destas e de muitas outras dúvidas e questões, na última página do livro,
Jardo escreve o seguinte que partilho com os leitores por estar de acordo e por
ser uma verdade que é preciso, continuamente, por em prática:
Angola será
infinitamente melhor, e cada vez mais forte, quando souber acarinhar e
potenciar a sua diversidade sociocultural, regional, política e económica.
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