Se me vierem
saudar à porta deixá-la-ei entreaberta
para que o vento
a feche as mãos são por de mais
puras para que se
fechem diante dos homens
não entendo como
fora difícil decifrar que o tempo
é um extracto do
que se considera como sendo um
preciso compor de
velhos instantes
alguém me seguirá
caso a porta se mantenha
entreaberta entre
o corredor e o acesso dos degraus
das escadas cuja
cor se confunde com o castanho
e o vermelho do
barro e a secular pintura dos homens
inscritas em
velhos jornais
se crescem
plantas entre as avenidas é porque alguém
as jogou primeiro
como vivas sementes em terreno
nacional e em
praça municipal
se colho de tarde
restos de brilhos do sol onde nasce
a lua continua o
arquivar da luz para que as noites
nunca se esgotem
em nós para que as palavras nunca
se nos pereçam e
para que sejamos nós mesmos diante
de um acordeão em
bailes de rebita
se me vierem
saudar à porta deixá-la-ei entreaberta
para que o vento
a feche pois as mãos são por demais
puras para que se
fechem diante dos homens
Nok Nogueira, in
Jardim de Estações.
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