24 de outubro de 2013

UM CAFUNÉ MÃEZINHA!


À memória de Luzia Bettencourt M., minha mãe.



Um cafuné mãezinha
Um cafuné na minha carapinha
Mimos e carícias nos meus cabelos
Numa brincadeira de assim
Meu cabelo ruim
E teu cafuné a embalar meus pesadelos!

Um cafuné na minha carapinha
Teus dedos mãezinha, rios
E estrelas nos receios
E caminhos dos meus cabelos
Teus dedos tranquilos
A me afagarem assim mãezinha!

Um cafuné a embalar meus medos
E o amor a brotar e a jorrar
Na minha carapinha
Que eu oiço a voz do luar
Mãezinha
Oiço o luar nos teus dedos!

Um cafuné e conta-me estórias
E sabedorias:
“Era uma vez, o coelho e o macaco…”
Uma estória de carapinha
A adormecer noitinha
E eu durmo o embalo do teu cântico!

Os caminhos do dia correm pantanosos
Os silêncios da noite misteriosos
Eu em medos e manias
À espera das tuas estórias
Teu cafuné mãezinha
A adormecer-me a carapinha!

Oh! A noite é dura
E eu durmo insónias na noite escura
A sonhar teu cafuné mãezinha
Minha carapinha castanha
Meu cabelo ruim
À espera mãezinha, num cafuné de assim!

Um cafuné mãezinha
Um cafuné na minha carapinha!

Luanda, 20 de Janeiro de 2007.

Décio Bettencourt Mateus

in Xé Candongueiro!




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