4 de outubro de 2011

KALANDULA


Fruto de Menha
– a Água –
beijo do ventre
doce de Ombera  
– a Chuva  –
verbo e trovão,
sonho de Nzambi
na cor macia
do algodão
Lucala a morrer
no fumo
Lucala a renascer
espuma
no prumo de água
a despejar
a crescer
sonho de Nzambi
rendas e plumas
feitiço de Kianda
preso no céu
choro d'Ombera
caindo líquida
no desprender
no ralhar
clamor do coração
caindo asa ndele
macio molhado
algodão
feito mesmo
só fumo da mutopa
de Ngana Zambi
água a batucar
rugido Lucala
rio nos lábios sagrados
a beijar
a prender
umbigo de Deus
Menha – a Água –
corpo sagrado d'Ombera
ligando céu e terra
no sangue algodão
Kalandula sagrada
a despejar
a trovejar
o mistério sagrado
dos heróis ancestrais
a velar
a guardar
a terra vermelha
no despejar
despreguiçoso
Kalandula-Menha
– a Água sagrada –
alma de Nzambi
a crescer força
no corpo verde
sangue incolor
alma de Kwanza,
rosto de Nação
veia a crescer
Mátria
Frátria
nos caminhos
Menha – a Água –
algodão macio
bandeira da paz
fumo da mutopa
de SukuNzambi
kandandu forte
a desconseguir
a guerra
a conseguir
a terra
só no crescer
Kalandula-mar
Cabinda-Kunene.


–Ewá! Ewá!
Kikale ngó!


Namibiano Ferreira

Quedas de Kalandula - Malanje - Angola

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