Para o meu avô, que foi um grande rebitista.
Rebita
A rebita é um género de música e dança de salão angolana que demonstra a vaidade dos cavalheiros e o adorno das damas. Dançada em pares em coreografias coordenadas pelo chefe da roda, executam gestos de generosidades gesticulando a leveza das suas damas, marcando o compasso do passo do semba. O charme dos cavalheiros e a vaidade das damas são notórios; enquanto dança se vai desenvolvendo no salão as trocas de olhares e os sorrisos entre o par são frequentes. É dançada em marcação de dois tempos, através da melodia da música e o ritmo dos instrumentos.
A rebita tem a sua origem mais directa na dança angolana que se chama semba (umbigada). Ao introduzirem o acordeão no semba surgiu a rebita, como explica Óscar Ribas, o ambiente campestre foi trocado pelo salão.
Segundo a opinião do músico angolano Liceu Vieira Dias, as origens da rebita remontam ao período das invasões francesas em Portugal quando um grande número de nobres portugueses se auto-exilaram em Luanda sem as suas mulheres e habituados a uma vida social influenciada pela cultura francesa, influenciaram os naturais do país. Por essa altura fundaram-se associações onde se organizavam bailes, tendo como base um tipo de movimentação coreográfica que é exactamente a do cotillon francês.
“Algumas figuras no desenvolvimento da dança que era colectiva eram comandadas (...) em francês: changer la dame, tourner a droite, tourner a gauche. Além disso, havia outras expressões francesas testemunhando a sua influência”. Ora, como bem sabemos, a nossa rebita possui este tipo de comandos.
Na rebita que se dançava no século XIX em Luanda, de acordo com documentos dessa época, as senhoras eram vistoriadas por uma “mais velha” do grupo. O objectivo era verificar se as damas não vinham só bonitas e luxuosas por fora, com panos garridos, mas certificar se a roupa interior também era digna de uma pessoa que frequentava um local de elite, como era a rebita.
Os cavalheiros também eram vistoriados por um “mais velho” do grupo, que observava se as peúgas dos cavalheiros estavam de facto em condições, se a camisola interior e outros utensílios de uso interno estavam em conformidade.
Muito boas as tuas postagens sobre
ResponderEliminarAngola, sobre seus costumes e tradições. É muito importante não perdermos de vista as nossas raízes.
Parabéns pelo trabalho!
Kandandu
Muito obrigado Cirandeira, aquele Kandaduéééé!!!
ResponderEliminarobrigada por explicar o que é e como é a rebita. Consigo imaginar a dança...
ResponderEliminarUm abraço.
Veio a propósito este post. Como consta do repertório, estava a perguntar sobre essa dança. É que a mesma tem alguma semelhança com um folguedo junino que chamamos de "côco de roda", onde os pares se formam ao som da percussão e das palmas que os participantes batem, dando rítmo à dança. Se costumava dançar em terreno de chão batido e usando "tamancos", acredito que conheça este tipo de calçado. Tem um movimento que é comum que é a "umbigada". Os pares cantam, rodam e se encontram de frente, dando a chamada umbigada.
ResponderEliminarFoi coincidência, nem precisei perguntar...
aquele abraço,
Kandaduééééé
Olá Caro Namibiano,
ResponderEliminarDesculpe não ter visitado o seu blogue desde há algum tempo, mas três perdas de pessoas muitos próximas no espaço de um mês, fizeram com que me afastasse um pouco da blogosfera e de outrs actividades.
Já estive a ler os seus posts desde o último que tinha visto. Muito bons como sempre.
Este sobre a Rebita, fez com que uma lágrima de saudade me viesse aos olhos, pois dancei bastantes vezes este ritmo, em tempos mais alegres e felizes para mim. Mas continua dentro do meu coração, assim como outros ritmos angolanos que tanto marcaram a minha juventude... Obrigada.
Um abraço
Otelinda Serrano
Graca, Severino e Otelinda o meu obvrigado pela vossa presenca.
ResponderEliminarkandandu
Obrigado pela explicação sobre a Rebita, suas origens e regras. Para que todos os angolanos, entre os quais me incluo, se orgulhem da sua cultura rica, diversa e maravilhosa!
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