Contratados (foto terrasdoquitexe.blogs.sapo)
E às vezes, quase sempre,
havia no lusco-fusco
dos dias um grito
amargo de silêncios
chorado e soluçado
baixinho pela noite
e que ninguém
parecia escutar...
Eram vozes ciciadas
orações amordaçadas
nos dormitórios palustres
dos contratados bailundos
Namibiano Ferreira
Contratados – Eram homens retirados à força dos seus kimbos (aldeias) para prestarem trabalho contratado, segundo legislação colonial do governo português. Ou seja, em breves palavras, o trabalho executado pelos contratados era um trabalho forçado e praticamente escravo. A diferença: não era vitalício.
Bailundos – Povo dos ovimbundu, habitando a província do Bié. A sua resistência ao colonialismo foi amplamente punida através das levas de contratados para as roças de café, no Norte, canaviais de Benguela e pescarias do Namibe.
[o silêncio é o maior e mais traiçoeiro dos gritos; amigo se faz, em qualquer lugar se esconde e infecta]
ResponderEliminarum forte abraço, Amigo Namibiano
com tanta força como as suas palavras
Leonardo B.
A resistência surda, esta das "vozes ciciadas, orações amordaçadas" de que fala o poema, costuma ser forte e eficaz. Acaba vencendo. Gosto da bela chave que encontraste, Namibiano, para ingressar em tema que poderia ficar - mas assim com está não ficou - panfletário. Forte e eficaz.
ResponderEliminarLeonardo B.
ResponderEliminarObrigado pela força de suas palavras.
Kandandu
Janaina, forte e eficaz era esse o intento, o contrato foi uma chaga de injustica e opressao.
ResponderEliminarKandandu
Angola
ResponderEliminarAngola
Angola
No Balaio, hoje.
Kandandu.
Excelente. A tua poesia tem muita força, profundidade e transmite uma energia contagiante. Força Namibiano!
ResponderEliminarKandandu
Artur, obrigado pela visita e sobretudo pela força.
ResponderEliminarKandandu