Caros amigos, leitores e seguidores de Ondjira Sul, encontro-me sem acesso á Internet desde 30/12/2009, uma guerra tem sido travada com a provedora de broadband. Rescendi o contracto unilateralmente (a novela é longa...) e agora espero a conexao a uma outra companhia mas só a partir de 21/01/2010 se nao houver mais atrasos.
O inverno ingles está a ser muito frio, temperaturas negativas que no norte da Escócia chegaram a -22 graus centígrados... por aqui ficámos pelos 7 negativos. Nunca senti tanto frio na minha vida, quero ir pró meu Namibe.... Desde o primeiro do ano tudo é um vasto imaculado lencol. Mas a neve e o gelo comecaram antes do Natal, na noite de 17 para 18 de Dezembro, caiu um grande nevao e foi nessa sexta-feira, 18/12, que escorreguei no gelo e fracturei o pulso. Escrevo, desde entao, com uma só mao. Espero voltar brevemente ao vosso convívio pois tenho aproveitado o tempo para vos trazer mais estórias, poemas e artigos sobre a cultura angolana.
Kandandu mwangolé para todos!!!
Voltarei brevemente e deixo-vos um poema para reforcar esse kandandu.
Namibiano Ferreira
KALANDULA
Fruto de Menha
– a Água –
beijo do ventre
doce de Ombera
verbo e trovão,
sonho de Nzambi
na cor macia
do algodão
Lucala a morrer
no fumo
Lucala a renascer
espuma
no prumo de água
a despejar
a crescer
sonho de Nzambi
rendas e plumas
feitiço de Kianda
presa no céu
chorando Ombera
caindo líquida
no desprender
no ralhar
clamor do coração
caindo asa ndele
macio algodão
feito mesmo
só fumo da mutopa
de Ngana Zambi
água a batucar
rugido Lucala
rio nos lábios sagrados
a beijar
a prender
umbigo de Deus
Menha – a Água –
corpo sagrado de Ombera
ligando céu e terra
no sangue algodão
Kalandula sagrada
a despejar
a trovejar
o mistério sagrado
dos heróis ancestrais
a velar
a guardar
a terra vermelha
no despejar
despreguiçoso
Kalandula-Menha
– a Água sagrada –
alma de Nzambi
a crescer força
no corpo verde
sangue incolor
alma de Kwanza,
rosto de Nação
veia a crescer
Mátria
Frátria
nos caminhos
Menha – a Água –
algodão macio
bandeira da paz
fumo da mutopa
de SukuNzambi
kandandu forte
a desconseguir
a guerra
a conseguir
a terra
só no crescer
Kalandula-mar
Cabinda-Kunene.
–Ewá! Ewá!
Kikale ngó!
Namibiano Ferreira